PASTORDRI

Crônicas

Home | Sobre mim | Links favoritos | Fale comigo | Fotos | Minhas viagens | Resumo | Crônicas

Nesta página, vou contar coisas que vi e vivi.

Minha infância.
 
Tenho retratado em minha mente as cenas da minha infância. A casa do meu avô Antonio Inácio Pereira e de minha avó Felipa, pais de minha mãe, tinha quatro salas, duas cozinhas e doze quartos. Era uma verdadeira assombração para as crianças numa noite escura. Alguns filhos moravam em casas próximas em algum canto da fazenda. A nossa era a mais próxima. Ficava num altinho. De lá, a gente avistava a Serra da Pancada, onde o sol se punha. Era muito lindo. Saí de lá com sete anos de idade, mas tudo está muito vivo em minha mente.
 
A CRÔNICA ABAIXO É UMA COLABORAÇÃO DO MEU IRMÃO CAÇULA, HÉLIO JOSÉ DE OLIVEIRA:
 

                                       TIA MARIA

                                               

                                    Tia maria era uma mulher muito amorosa.

 

            Na verdade, eu não presenciei todos os acontecimentos que vou contar sobre tia Maria . Como fiquei sabendo? Os meus irmãos mais velhos me contaram. Por isso posso afirmar: Tia Maria era uma mulher muito amorosa.

 

            Ela era irmã de minha mãe. Qual era a sua profissão? Dona de casa, mas, acima de tudo, parteira. Tio Domingos que o diga. A grande alegria dela era ajudar uma criança a nascer, e sempre exclamava: Como é bonitinho!

 

Muitas vezes, altas horas da noite, alguém batia palmas em frente da casa e gritava lá de fora: Dona Maria!!! Ela virava para o marido e dizia: Responde, Domingos! Ele dizia: Responde você, não está me chamando, está chamando é você. O que ela fazia nessas horas? Simplesmente se levantava e montava na garupa de um cavalo, muitas vezes, de uma pessoa desconhecida e ia atender à mulher que estava “encomodada”, só Deus sabe onde. Cumprida a missão, os seus lábios pronunciavam: Louvado seja Deus!!!  Louvado seja Deus!!!

 

Tia Maria era amorosa com todos. Ela não cobrava nada pelo trabalho que realizava. Uma ou outra pessoa lhe dava, de vez em quando, um presentinho: um frango, uma melancia, coisas assim. E ela dizia, do fundo do coração: Deus lhe pague!

 

Nós, os seus sobrinhos, gostávamos muito de ir à casa dela porque ela não nos deixava sair sem uma lembrancinha. Quando ela não tinha nada para nos dar, ela exclamava, toda sentida: Oh, meu filho, eu não nada para lhe dar hoje!

 

Um fato que marcou muito os meus irmãos foi quando ela não deixou o filho dela usar a roupa nova que tinha comprado, só porque os meus irmãos não tinham roupa nova para vestir. Ela disse ao seu filho: Antonio, meu filho, você não deve vestir sua roupa nova hoje porque os meninos de compadre Casimiro não têm roupa nova para vestir!

 

Por tudo isso é que eu afirmo: Tia Maria era uma mulher muito amorosa.

 

 

                                                                        Hélio José de Oliveira

 
 
 
 

Enter supporting content here